Passei um final de semana lindo com amigos queridos. Uma recarregada e tanto nas energias, com direito às coisas mais simples da vida, como andar de bicleta na beira do mar, colocar o pé na areia, encher a cara de vinho e o coração de amor.

Na segunda-feira seguinte fui para Pelotas. Leve, pronta para começar a minha romaria. Eu queria ver todo mundo. Tios, primos, dinda, amigos de infância, de faculdade. Eu queria ver todo mundo de novo, mas minha semana estava ficando cada vez mais curta.
Engraçado que eu sempre quis crescer para não ter que dar satisfação da minha vida para ninguém. Virei adulta (ou quase) e agora faço questão de dar explicações. Olha, estou indo para os Estados Unidos ficar com esse cara aqui, morar nessa casa aqui, mostrei para os meus avós com fotos e mapas. Era o mínimo que eu podia fazer.
Ainda naquela semana, juntei amigos numa mesa de bar. Umas das coisas que mais gosto no mundo. Amigos no bar. Como ainda faltava um mês inteiro, a ficha só caiu mesmo um dia antes de eu ir embora, quando dei um tchau rápido para os meus avós paternos, dizendo eu ligo para vocês e sai quase correndo antes que o meu avô começasse a chorar. Ele chora até hoje quando fala comigo no telefone. O velho me acaba!
E assim a ideia de ir embora um dia, no futuro remoto, foi tomando forma. Virou verdade naquele último abraço que eu dei nos meus amigos na porta do restaurante chinês, quando uma amiga me deu um kit de boa viagem com origamis, fotos e chocolates e outra me presenteou com um livro para ler no caminho.
É muito difícil ir embora. Muito mais difícil do que encher uma mala e partir. Exige um desprendimento que eu não tinha, que eu não tenho, que não me é nato. Um desprendiemento que eu não gosto e não quero, mas tive que aprender. Na marra.
É muito difícil ir embora. Muito mais difícil do que encher uma mala e partir. Exige um desprendimento que eu não tinha, que eu não tenho, que não me é nato. Um desprendiemento que eu não gosto e não quero, mas tive que aprender. Na marra.
Fui embora e levei minha avó materna comigo para Encantado. Com ela o buraco era BEM mais embaixo. Saí de Pelotas com o coração apertado, como em tantas outras vezes. Ao mesmo tempo, eu estava um pouco aliviada de ter passado por esse teste. Ainda tinha mais um mês de despedidas pela frente. Era melhor eu vestir minha fantasia de mulher maravilha. Eu só queria coragem, o resto eu já tinha.