21 de setembro de 2012.
Os avós das crianças que eu cuidava me adotaram como parte da família nos dois anos que eu estive por perto. Eles são o casal de avós mais arbitrários que existe no mundo. Todos os anos, eles passam uma temporada em Mammoth Lakes, um resort de esqui no norte da Califórnia, e nos convidaram para passar um final de semana com eles, já que Vegas fica relativamente perto.
Eles ainda não conheciam o Jared e, mesmo depois de casada, a opinião deles era muito importante para mim. Porque eles são essas pessoinhas super descoladas, vividas, viajadas e sinceras. O Mongok (apelido do avô) estava ansioso para fazer um interrogatório no Jared desde o começo do namoro!
Fato é que todo mundo gosta do Jared. Não sei, eu achava que todo mundo gostava de mim, mas definitivamente perdi meu posto para ele. O Jared ficou meio receoso com a ideia de passar um final de semana inteiro com "avós" que não eram os nossos, mas, no fim das contas, eles nos deram um cansaço e tanto!
Quinta-feira a tarde, deixamos o Chima no hotel para cachorros e pegamos a estrada para Califórnia. Pegar a estrada para Califórnia é uma combinação mágica de palavras. Uma das minhas coisas favoritas de fazer nessa vida em Las Vegas.
Chegamos de noite, depois das longas seis horas de viagem. A nossa aventura começou mesmo só na sexta, quando fomos para o Yosemite National Park e caminhamos até o topo da Great Sierra Mine. Jantamos no tradicional restaurante mexicano da região e fomos dormir exaustos.
No sábado, eu tive a brilhante ideia de fazer mountain bike. Sim, a ideia de gênio foi minha. No inverno, as montanhas em Mammoth são tapadas de neve e atraem milhares de turistas que vão andar de esqui. Nas outras estações, eles transformam essas montanhas em trilhas de ciclismo. Extremamente radicais.
Eu fui lá toda bonitona, de shortinho, camisa jeans, achando que eu ia passear de bicicleta na montanha. Fomos de teleférico até o topo e perguntamos qual era a trilha mais fácil. Veja bem, perguntamos qual era a trilha para iniciantes! As pessoas ao redor com roupa emborrachada, joelheira, cotoveleira, capacetes de fórmula 1, câmeras acopladas nos capacetes. A coisa era muito séria.
Acontece que eu não tenho medo de quase nada. Antes de o Jared abrir a boca para me dar instruções eu já tava a mil na descida, totalmente sem controle. As pessoas descem freando o tempo inteiro! Eu só descobri isso quando eu já era tarde demais. Nos primeiros 30 segundos de mountain bike, eu virei uma minhoca de areia, toda estatelada no chão. O Jared desceu correndo, com um olho azul maior que o outro.
Ele ficou tão nervoso, que eu fiquei nervosa junto, ainda com a adrenalina correndo pelo meu corpo. Nisso, vem um dos instrutores para ver se tava tudo bem. Eu, que também não tenho vergonha de quase nada, comecei a querer voltar pro chão de tanto constrangimento. Que vergonha! E ninguém ria. Gente, to bem, sacode a poeira e vamos rir. Mas eles não riam, eu bem que podia ter me matado, quebrado um braço ou uma perna, mas o meu ego estava mais ferido que o meu físico.

Não tinha jeito, tínhamos que descer o resto da montanha. Nessas horas, o meu corajoso ser sumiu de mim. Bem que dizem que caindo é que a gente aprende. Virei a pessoa mais cuidadosa do mundo e levamos um tempo enorme para chegar na base. Em minha defesa, até o Jared tava meio assustado em alguns trechos.

Finalmente chegamos na casa da Meemaw e do Mongok (avos). Eu um trapo humano, sujo e rasgado fui tomar um banho também do mal. A água do chuveiro caindo nos machucados doeu tanto, tanto, tanto que eu só tive coragem de tomar banho de novo na segunda-feira. E mesmo assim, o Jared teve que lavar o meu cabelo, porque a palma da mão era o que mais doía.
Mesmo assim, no fim da tarde fizemos uma caminhada curta para um monumento da natureza. Em uma tradução tosca, a Pilha do Diabo (Devils Postpile), é uma formação rara e famosa no mundo geológico. O avô das crianças era professor de geologia de uma universidade, apesar de aposentado ainda faz questão de dar aulas para quem estiver interessado no assunto.
Mesmo assim, no fim da tarde fizemos uma caminhada curta para um monumento da natureza. Em uma tradução tosca, a Pilha do Diabo (Devils Postpile), é uma formação rara e famosa no mundo geológico. O avô das crianças era professor de geologia de uma universidade, apesar de aposentado ainda faz questão de dar aulas para quem estiver interessado no assunto.
Domingo, antes de irmos embora, eles fizeram questão de levar o Jared para comer uma torta também famosa na região - Pie on the Sky. É uma delicia de ritual, que eu já tinha experimentado na minha primeira visita a Mammoth, em 2009. Depois da extravagância gastronômica, fomos para a trilha de despedida chamada Mosquito Flat. O nome é estranho, mas o lugar é um paraíso.
Antes da noite cair, nos despedimos deles e pegamos a estrada de volta para casa. Não preciso dizer, que eles mais do que aprovaram o maridinho e o Jared adorou eles da mesma forma. Coisa boa, quando as pessoas que a gente gosta se gostam, né?
Na volta, dirigimos pelo Death Valley, que chama atenção pela imensidade de nada. O vale é um vazio, abaixo do nível do mar, tão seco e quente que pouca vida se prolifera e, mesmo assim, não deixa de ser um lugar inspirador, que nos brindou com um lindo por do sol.
Quando chegamos em casa, além do meu estado crítico e deplorável pós tombo épico, eu também tinha ganhado uma unha roxa entre uma escalada e outra. Não dá nem pra dizer "antes de casar sara". No entanto, nada de aventuras nos meses antecedentes ao casamento de verdade. Preciso chegar no altar inteira. Me desejem boa sorte.