12 de maio de 2014.
Quando no começo as palavras corriam para fora de mim para dentro da página, agora elas sussurram baixinho no meu ouvido sem pressa. Eu escuto e guardo. Não é que, de repente, eu não tenha mais nada a dizer, eu tenho muito, mas não tenho mais necessidade de escrever. Exatos dois anos depois da minha chegada aqui, passou a minha urgência.
Passou aquela angústia, o medo do incerto e do se. Se isso, se aquilo, não tem mais espaço, não me sobra mais tempo. Voltei a viver de verdade, sem conjunções subordinativas condicionais.
Não que antes eu não vivesse, mas eu vivia menos e pensava mais. Sofria na corda bamba da minha vida, que estava de cabeça para baixo. Foram dois anos no Brasil sem saber o que fazer. E quase dois anos aqui sem saber o que fazer depois de ter feito.
Agora não tem mais depois. Tem agora. Hoje e talvez, amanhã. Quem sabe o final de semana. A vida corre comigo de um lado para o outro, me apresentando pessoas e oportunidades em cada esquina e eu agarro todas. Nada me escapa.
Voltei ao meu estado estabanado, atrasado, descabelado. Tenha pressa, tenho hora, tenho sono. E durmo depois de um dia cheio sem chorar de saudade no travesseiro. A saudade aperta, mas não machuca tanto. Pego o telefone e ligo, mas não fico com vontade de entrar correndo num avião.
Penso na família e nos amigos do Brasil todos os dias, nem que seja um pouquinho, mas é feliz e não triste. É saudade saudável, com carinho. Com vontade de ver eles logo, quando der. E daqui a pouco dá.
Enquanto isso, trabalho. Trabalho em tudo. De domingo a domingo se precisar. Trabalho é um remédio, quando a gente gosta. É xarope com gosto bom de chiclé de morango. As possibilidades são infinitas do lado de cá. Dá quase para sonhar com um Oscar e preparar um discurso no banho.
Voltei a sonhar grande, talvez não tão grande, mas grande. Vou pegar esse país pelo cangote, fica dito. E enquanto por muitas noites mal dormidas eu pensei que estar casada em um país que não é meu, poderia amarrar a minha carreira, hoje é a melhor parte de ter uma carreira. É voltar para casa e contar tudo para ele, de trás pra frente, e ver olhinhos azuis cheios de orgulho, de apoio e de incentivo.
O Jared é o meu trampolim e o meu sossego. Ele é a minha vista para o mar no meio do deserto. Sem ele, não saio do chão e por ele mantenho a razão. Não me perco em mim mesma, não alucino. Divido. Vivo. Trabalho. E sonho, com meta, com razão, com plano estratégico e com ele.
E no meio disso tudo, de tanta coisa, de pouco tempo e muito sonho, venho por meio deste me despedir de vocês. Venho relutando encerrar esse capítulo, mas a vida se encarregou de me empurrar para os próximos desafios, para outros desabafos, em outros cantos. Afinal já me casei, casei de novo e ainda fiz uma festa extra para não ficar na dúvida.
Vocês são parte da nossa história. Todo mundo que mandou boas energias, que torceu, que sorrio e que chorou com a gente. Até quem torceu o nariz, debochou e não gostou. Vocês foram meu chão por esses dois anos e meio de blog e acho que sem esse cantinho para organizar as ideias e encontrar coragem eu nunca teria nos dado essa chance. Eu nunca teria me dado essa chance.
Então, fica o meu muito obrigada, pela companhia, pela parceria, pela torcida. Sigam seus corações, mesmo sem entender aonde ele quer levá-los. Fechem os olhos e vão. PULEM!
"Ser profundamente amado por alguém lhe dá força, enquanto amar alguém profundamente lhe dá coragem." Lao Tzu.
Desejo que vocês sejam fortes e corajosos. Amem e se deixem ser amados. Não tem nada que vale mais a pena ou faça mais sentido nessa vida maluca. Beijos e até a próxima aventura! Quem sabe um dia viramos livro. Com carinho, Fabiana.
Desejo que vocês sejam fortes e corajosos. Amem e se deixem ser amados. Não tem nada que vale mais a pena ou faça mais sentido nessa vida maluca. Beijos e até a próxima aventura! Quem sabe um dia viramos livro. Com carinho, Fabiana.